sábado, 24 de maio de 2008

Mais Um Texto Sobre Super Caras

Existem um milhão de maneiras diferentes de se falar de um mesmo assunto; e quando o assunto é algo tão vasto quanto "super-heróis", talvez exista um número de maneiras de abordar o assunto, igualmente proporcional ao número de autores. Pensei nisso quando me dei conta que a grande maioria das hq's que leio, é sobre esses cara que conseguem levantar carros com uma só mão ou correr na velocidade de dobra espacial; ainda assim, cada um destes universos que contém os personagens, é único, tendo pouco (ou nada) a ver entre si. Assim sendo, formulei essa pequena lista, que funciona ao mesmo tempo como uma porção de dicas do que você deveria ler, e uma mostra de como a imaginação de certos autores pode vir a acrescentar num determinado ramo da ficação.

The Astounding Wolf-Man : Depois de ser atacado por um urso selvagem, enquanto tirava férias, o ricaço Gary Hampton é internado em estado grave no hospital. Mas antes mesmo de chegar na página oito da primeira edição você já entende que, não foi um urso de verdade que o atacou, e sim um lobisomem; então, ajudado por um vampiro chamado Zachariah, Gary começa a traçar uma nova carreira: a de super-herói. Não sei qual é o status atual da série, já que o Vertigem lançou apenas quatro edições, realmente espero que haja bem mais do que isso para ser apreciado pois Astouding Wolf-Man é verdadeiramente uma bela série para os fãs que que se diexam levar pelos roteiros que misturam intriga, drama e humor de uma maneira bem incomum (cortesia do genial Robert Kirkman, criador de The Walking Dead, da qual falarei em um futuro post). Num mundo onde super caras e monstros da cultura pop se misturam, a arte e as cores de Jason Howard caem como uma luva, e em poucos segundos você não consegue mais pensar como seria a revista com outro desenhista no comando. Em suma, o título de "Astounding" ("surpreendente") não é atoa, taí uma obra que deveria ser publicada na nossa terrinha. Ao total a série possuí 24 números, por enquanto apenas quatro foram traduzidos.

Bem- Vindo à Tranquilidade : Aqui, nos deparamos com o cotidiano da pacata cidade de Tranquilidade, onde grandes heróis (e até mesmo alguns vilões) do passado podem ter uma velhice confortável e digna. O primeiro arco começa quando o Sr. A, herói renomado e muito bem quisto na cidade, é misteriosa e mortalmente ferido em uma lanchonete, durante uma confusão com heróis "da nova geração", apartir daí, a trama se expande, e passa a nos mostrar pequenas subtramas, interligadas ao assassinato, mas ainda assim, independentes em termos narrativos. Um dos pontos altos desta série, é o tributo que se faz aos grandes ícones dos quadrinhos, como o personagem Maximan, que igaul ao Capitão Marvel (da DC), precisava apenas dizer uma palavra para ganhar atributos divinos... mas, infelizmente, Maxi, por causa de idade, esqueceu QUAL palavra lhe concedia seus poderes. Assuntos mais sérios, como violência policial e liberdade de imprensa também são abordados, de forma sutil.

DEMO : A série tem ao total, doze números, cada um funcionando como uma crônica sobre pessoas com habilidades especias, mas que nada tem a ver com os ditos "heróis"; os personagens são gente comum, do tipo que você poderia encontrar em qualquer fila de banco ou loja de conveniências; claro, algumas deles são imortais e outros capazes de derrubar paredes inteiras com um só golpe, mas ainda assim, psicológicamente, são mais parecidos com eu e você do que com o Superman; tanto que os dialogos e os relacionamentos, são o ponto principal de todas as tramas. A desenhista, Becky Cloonan (de American Virgin) tem um traço mais para o lado dos mangás, e em cada edição o traço se adapta ao contexto e a velocidade da narrativa, mostrando o talento e o tato da moça. Recomendo que se leia ao menos duas edições: Fique Firme, sobre um skinhead refletindo sobre suas amizades e sobre a família; e Mixtape, que nem envolve super caras nem nada do gênero, mas ainda assim consegue ser a melhor e mais tocante das crônicas.

Alias : Brian Michael Bendis e Michael Gaydos são os reponsáveis por dar vida a Jessica Jones, uma detetive especializada em casos fora do comum; as histórias se passam no mesmo universo
tradicional da Marvel, e Jessica, no passado, era membro reserva dos Vingadores. Personagens conhecidos do público, como Luke Cage, Matt Murdock e até o "charmoso" J. J. Jameson aparecem com certa frequência; o ponto forte da série é a humanização dos personagens, com uma abordagem (sempre ela) mais realista. Uma série assim fazia e ( agora que acabou) continua fazendo falta para quem gosta de histórias bem elaboradas, mas que não envolvam ameaças intergalacticas... ou qualquer coisa que tenha a ver com o Galactus. Alias teve vinte e uma edições e dois especiais.

Supremos : o Universo Ultimate, é uma versão moderninha do universo normal da Marvel, já existe há um bom tempo, com diversas mini-séries, e alguns títulos regulares, como Homem-Aranha Ultimate (onde o B. Michael Bendis, enrolou, enrolou e não fez nada realmente
bom); Quarteto Fantástico Ultimate (nem me animei a ler, já que sempre detestei essa família); X-Men Ultimate (com vários roteiristas e desenhistas, todos mantendo uma bela média) e... Supremos, a versão modernosa dos Vingadores. Pessoalmente, os vingadores originais nunca me atrairam a atenção, por possuírem como membros, os personagens com quem eu menos me identificava/admirava: Thor, Homem de Ferro, Vespa, Capitão América, Homem Formiga e Gavião Arqueiro. Foi ler as primeiras páginas da edição número um de Supermos, e minha visão mudou totalmente; finalmente eu via defeitos e características de seres humanos naqueles personagens que pareciam tão tacanhos no universo tradicional; Thor é um ativista ambiental; Capitão América se vê totalmente deslocado num mundo décadas a sua frente; Vespa e Homem Formiga finalmente deixam o status de buchas de canhão e se tornam preciosos para as tramas... sem falar nas aparições animalescas do Hulk. Enfim, há muitíssimo a se elogiar nos dois primeiros volumes. O terceiro volume peca muito, escrachando, logo na primeira edição, algumas sub tramas que Mark Millar demorou quase trinta edições para criar; além do fato irritante de que a equipe agora se odeia e ameaças de morte são feitas sem muita preocupação... Antes o grupo tinha problemas de realacionamento entre seus integrantes, agora provavelmente por falta de capacidade intelectual do roterista, sequer existe relação entre os membros. além do mais, a arte do Joe Madureira não tem a ver com os Supremos.


Top Ten : Alan Moore, o maldito bardo barbudo criou um drama policial tendo como cenário a megalópole de Néopolis, localizada física e cronológicamente sabe-se lá onde. Neópolis é uma cidade colossal, visitada por astronautas, seres extra planares, viajantes do tempo, monstros gigantes, e até deuses, o lugar é obviamente um caos, ainda mais se levarmos em conta o fato de que todos (todos mesmo) habitantes da cidade tem algum tipo de super habilidade. Num cenário desses, drogas, bebidas e prostitução não são incomuns, logo, os crimes também não; conclusão: ser policial em Neópolis é uma merda. O primeiro volume da série começa com a novata, Robin, entrando para o quadro de funcionários da polícia local, e tendo que se acosumar com o mal humor de Swax, seu parceiro; enquanto lidam com problemas pessoais e proficionais, os tiras precisam capturar "o Libra" um assassino de prostitutas que não deixa nenhuma mísera pista. Os conceitos de realidades alternativas usados por Moore quando ele escrevia sobre Capitão Bretanha estão de volta, com terras onde a Era de Ouro dos gregos nunca acabou vibrando próxima de uma Terra onde os ovas (aqueles robôs japoneses que aparecem no Neo Genesis Evangelion) são comuns. Na minha modesta opinião, Top Ten é a melhor das obras do bom, velho, feio e carrancudo Alan Moore. Rendeu dois volumes, mais o especial "Fourty Niners" (sobre como as coisas ficaram tão malucas), e uma mini-série em 7 números mostrando mundo natal do carrancudo Swax (num tom bem mais leve que as outras duas).

Vou ficando por aqui... sei que algumas revistas que coloquei na lista, já foram publicadas há um certo tempo, e outras talvez nunca cheguem a ser publicadas, mas não dá pra saber o que o caro e desocupado leitor deste blog já conhece ou não, por isso resolvi falar de todas que me vieram a cabeça.

PS:
Sabem a mini-série que falei lá em cima ? DEMO ? Pois é, a boa notícia é que o roteirista da mini-série, Brian Wood (de Northlander's e DMZ), já assinou contrato para o segundo volume. Numa entrevista recente, o autor contou quais serão os próximos temas a serem trabalhados: "Canibalismo, respirar debaixo d´água, transtorno obsessivo compulsivo, auto-detonação, fonte de energia, projeção astral... esses são os assuntos dos quais quero tratar dessa vez. Já comecei a escrever a edição de canibalismo." Também foram divulgadas três capas do novo volume, veja aqui, e acolá edição. E ainda existe a possibilidade de algumas das hitórias virarem filmes!!

PS 2: diferente do Zarp, eu fiquei aqui a noite inteira!! E como ainda tenho que arrumar alguns detalhes, upar as séries e pôr os linksvou ficar aqui até de manhã. Vida cruel essa de blogueiromedíocre. \o/ . Go!! Go!! NC!!


Todas as revistas podem ser encontradas no HD virtual do nosso blog

3 comentários:

viscoso disse...

uhulll, temos um hd virtual \o/

valeu pelas dicas banned, to baixando tudo, to até relendo os supremos :D

abraço!!


ps: ta faltando a edicao final (13) dos supremos vol 1

Rogério disse...

eu já tinha ouvido falar sobre Demo, agora fiquei curioso pra ler a série. Não gosto de histórias de super herois, mas aprovo muito esse tratamento humano que os autores tem dado a seus personagens, todos os titulos citados no post são um exemplo disso, mas Demo pelo que eu li é o que leva esse tratamento mais além.
Valeu as dicas!

BANNED disse...

DEMO é mesmo a mais "humana" das obras citadas