sábado, 8 de março de 2008

Tento Nosso

A pequena cidade de Tento Nosso “existia” perto de uma usina nuclear. A coisa mais interessante que já aconteceu lá foi quando Seu Surupião perdeu os dedos do pé na máquina de cortar madeira. O que eles estava fazendo com o pé perto da lâmina da máquina ninguém sabe, mas especula-se que envolvia alguma fantasia sórdida secreta.

A Usina Nuclear Claude René dava emprego pra uns 99% da cidade. Tirando Seu Surupião –que cortava madeira- e uns comerciantes –que comercializavam-, todo mundo era empregado do neto de Claude René, um francesinho metido a besta, fedido, chato e com orientação sexual duvidosa. E emo, alguns diziam.

Um dia chegou na cidade Rolão Reginaldo, um preto grande e forte, com duas guitarras nas costas (uma tatuagem bem apagada e uma de verdade) e um passado negro no bolso. Rolão não trabalhava, vivia no bar, bebia, bebia e não se embebedava. Tocava guitarra (sem amplificador), fumava palheiros e observava a cidade com seus olhos manchados.

Então surgiu um boato na cidade, que devido à sua diminuta dimensão, logo se espalhou e ganhou força. Rolão, dizia o virtuoso povo, estava sendo sustentado pelo neto de Claude René, o francesinho de orinteação sexual duvidosa, que já não era mais tão duvidosa assim. E muitos diziam que o fato do primeiro ter chegado à Tento Nosso era premeditado, e não uma (in?)feliz obra do acaso.

Rolão parecia ignorar tais boatos (boatos?), e continuava bebendo e não se embebedando, tocando guitarra sem amplificador, fumando palheiros (de Viradouro) e observando a cidade com seus olhos manchados. O neto de Claude René não se pronunciava a respeito (não que alguém o indagasse a respeito).

Um dia, no bar, Rolão, que nunca havia sequer tocado no nome do neto de Claude René (embora, é claro, teria tocado secretamente em várias outras coisas dele), se embebedou, e disse que o francês era, sim, emo. Ao pronunciar tal fato, Rolão fez cara de “eu não devia ter dito isso” e saiu ás pressas do bar. A cidade riu, mas não durou muito.

No dia seguinte tanto o preto quanto o francês haviam sumido. A usina ficou às moscas, sem administração, veio à falência e desempregou quase toda a cidade (menos Seu Surupião e uns comerciantes, que afinal vieram a ficar desempregados pouco depois, devido à crise).

Em pouco tempo o prefeito foi embora com sua família. E assim morreu Tento Nosso.





(with a litlle help from Marilinha. Muito obrigado meu amoreco =* )

3 comentários:

Marília L. disse...

Muito muito bom!
nem é por eu ter dado algumas sugestões! mas ficou muito bom mesmo! ;D

parabéns gabri! vc eh um excelente escritor! ^^

beijooo,

marilinha!

Jo disse...

hahahaha

Muito bom...
oq será que ele andou bebendo pra enfim ficar bêbado?
hahahaha

(e no fim a culpa sempre é dos emos)

BANNED disse...

hoho!!

muito bom ver que apesar da minha crise de paralisia mental,o blog continua na ativa!!

e agora mais um texto do Gabriel (cara, se continuar assim, vais ferir meu ego e vou ser obrigado a te matar...). Teus conto tão, me parece, tomando forma... criando o teu "estilo narrativo".

e é isso aí