terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A Garota que Conheci na Cafeteria

Qual a melhor maneira de se aproximar de alguém desconhecido? Derrubando café quente no sujeito e observando sua reação. Foi isso que ela me disse.
De fato, me assustei quando ela disse que fez isso de propósito, só pra se aproximar. Uma queimadura de primeiro grau na coxa não parece muito atrativo, mas bem... ela nunca foi de métodos muito convencionais mesmo...
É engraçado como um rosto feminino bonito pode mudar a atitude de um homem puto. A primeira reação de "CARALHO, MINHA PERNA!" já é logo substituida por "não, não, tudo bem, não dói tanto. Sua casa é aí na frente? Quer que eu vá lá me limpar? Tudo bem".
Pelo olhar desaprovador da dona da cafeteria eu deveria ter percebido que Mina não era flor que se cheirasse.
Nosso primeiro sexo foi bom. Muito bom. Um dos melhores que já havia tido, pra ser sincero. Na terceira vez ela perdiu que a amarasse. Na quinta, que batesse nela. Na sexta, que batesse mais forte. Quando ela pediu que eu usasse o chicote eu nem estranhei muito.
Mina tinha outros hábitos estranhos. Comia pão com nescau, mascava chiclete com pimenta, nunca usava o anel de caveira (estilo Keith Richards) no memso dedo dois dias seguidos e nunca fumava o último cigarro do maço.
OK, isso não é exatamente bizarro, mas tem mais coisas.
Uma vez, durante o coito ela me deu um soco. Sim, um soco na cara. e depois mais um. Nunca tinha observado uma reação tão violenta na hora de gozar. Justo quando eu tinha me acostumado com os palavrões.
Mas Mina uma vez me deu um bom presente de aniversário. Estávamos juntos há 5 meses, e naquela noite ela apareceu em casa com uma amiga, mais gostosa que ela, embora eu obviamente tivesse dito o contrário quando ela me perguntou isso no dia seguinte.
Jessica, a amiga, deu as caras (e não só isso) na minha cama mais umas 3 ou 4 vezes depois.
Na última vez que isso aconteceu, Mina a dopou. Sim, um comprimido na bebida, e Jessica ficou completamente indefesa, ao nosso bel-prazer. É claro que eu achei aquilo bizarro demais, me assustei e não pude fazer porra nenhuma com a coitada. E pude perceber que aquela não era a primeira vez que minha namorada fazia aquilo com alguém.
Deixamos Jessica apagada na casa dela, sem mais explicações, e voltamos para meu lar. Obviamente me senti um pouco culpado com isso, mas não sabia o que fazer.
No dia seguinte Mina se desculpou, admitiu ter passado dos limites e disse que fez tudo só com a intenção de me agradar. Brincar de "Boa-noite Cinderela" com uma amiga... Que bela maneira de se agradar o namorado... Mas é difícil não perdoá-la quando ela olha com aquela cara de Gato de Botas do Shrek...
Certo dia, Mina me disse que queria virar vegetariana, o que absolutamente não combinava com o estilão dela. Fã incondicional do McDonalds (embora sempre conseguisse manter a forma), isso era a última coisa que se esperaria dela.
Me chamou para um "jantar de despedida da carne", na casa dela. Só que ela não me avisou que pretendia comer carne crua. Com sangue. Porra, nesse momento eu tive CERTEZA que tinha algo fodidamente errado com a garota.
Quando saí pra comprar comida chinesa, me desculpando por não acompanhá-la em seu bizarro banquete, reparei sangue e pelos na lata de lixo em frente sua casa. Quando voltei para o jantar, a vizinha e sua filha de oito anos estavam na rua gritando, chamando em vão o pobre Dr. Shazam.
Não comentei nada durante o "jantar", mas estranhei quando, ao ir embora (não pernoitei porque precisava acabar uns projetos para o dia seguinte), vi que na casa da vizinha, o gato estava de volta. Me senti um pouco mal por desconfiar de minha amável companheira.
Mas esse pesar não durou muito, pois nesse dia tive que terminar com Mina.
Eu cheguei em casa, e fui dar comida para meu gato, Ampersand. Que gato? Hm... por acaso os pêlos na lixeira eram pretos? Vadia...
Ela chorou, prometeu melhorar, ser mais "normal", me dar outro gato, um cachorro, um macaco. O "foda-se" a atingiu como um tiro. Bem no peito. Ela mereceu...
E aí ela começou a me perseguir. Podia ser paranóia minha, mas ela estava em todo lugar que eu ia.
E deixava recados na minha porta, no meu escritório, na casa da minha amada mãe. Eu troquei a porra do número do meu celular, porque recebia mensagens a cada meia hora, a cada EXATA meia hora, 12 por dia. Desculpas e promessas desesperadas. Tive que dar umas boas broncas nela pessoalmente umas 2 ou 3 vezes.
E hoje, quando cheguei na porta do meu apartamento senti o perfume dela. A porta estava destrancada. Pétalas de rosa no chão percorriam o caminho até meu quarto. E ao entrar nele, sem perceber que ela estava atrás da porta, tive meu pescoço sufocado por seus delicados braços. Pensei que meus magrelos 70 Kg não estavam me ajudando muito a me livrar da garota que malhava duas horas por dia desde os 16 anos. Pensei que nunca devia ter saído da academia 6 meses após começar, e então minha carótida parou de oxigenar meu cérebro e eu desmaiei. Quando acordei no meu quarto, tudo havia sido retirado, exceto por meu caderno e uma caneta. A primeira página dizia "você morre hoje, e o assasino não serei eu, e sim o meu amor".
E assim escrevo essas páginas, na esperança de um dia virar personagem de Stephen King. Talvez fosse isso que ela queria ao me deixar o caderno e a caneta. Ou não. Com Mina nunca se sabe. Enquanto penso num jeito de manter essa história a salvo de suas loucuras, e torço para ter tempo de fazer isso, só consigo pensar em 4 lições pra finalizar:
1 - nunca faça uma mulher louca se sentir rejeitada
2 - café quente é uma péssima maneira de se conhecer um(a) parceiro(a)
3 - se você é a porra de um nerd magrelo, feio e semi-calvo, desconfie de qualquer gostosa que te dê moral
4 - foda-se, vou ver se ela quer uma última transa antes de me matar...


-H.J.S, assasinado pelo "amor"

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